quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Monumento Oscar Bertholdo é restaurado


A Secretaria da Cultura e Fundação Casa das Artes atenderam pedido de moradores

A pedido da comunidade do bairro Borgo em 2011, a Secretaria da Cultura garantiu recursos para a contratação do artista plástico Aido Dal Mass, que acaba de finalizar o restauro do monumento em homenagem ao padre Oscar Bertholdo, localizado na praça homônima, no bairro Borgo. Dal Mass é o autor da obra original, confeccionada em 1995, sendo o detentor dos direitos autorais. A efígie, em pedra basalto, foi reconstituída, remodelada, pintada e receberá uma nova placa. Dal Mass conta que, com o passar dos anos, a estátua foi depredada e sofreu três intervenções. Foram cerca de três semanas de trabalho para a restauração da obra, que há anos estava abandonada.

Por que verde?
Por Aido Dal Mass

            “Por que não amarelo, azul, vermelho ou xadrez? Não importa. Importa somente o que nos instiga a direção da alma, e onde ela está. Permanece ou pertence? A arte traz em si, não o conforto ou a comodidade do gosto, bom, mau, feio ou bonito, mas sim o conflito para unir-se aos outros princípios, permitindo o desvelamento de sua importância para com as dignidades”.

Significado estrutural da cor verde/cinza:

“Auto-insistência separativa e superioridade defensiva. O amor próprio, a necessidade de impressionar e a consciência de prestígio são todos aumentados, enquanto que os atributos da cor após o cinza, são minimizados.”

Aido Dal Mass, autor e restaurador da efígie de Oscar Bertholdo        


Sobre o padre Oscar Bertholdo

O padre Oscar Bertholdo, natural de Nova Roma do Sul, é considerado um dos maiores poetas contemporâneos do Estado com várias obras premiadas nacionalmente. Com sua voz marcante, atuava em programas em rádio em Farroupilha. Em Bento Gonçalves, foi pároco na igreja Santo Antônio e era professor na Universidade de Caxias do Sul (UCS-Carvi). Bertholdo foi assassinado a facadas em 23 de fevereiro de 1992, aos 56 anos, na sua residência em Farroupilha. Foi um dos maiores incentivadores do movimento cultural da Serra Gaúcha, exercendo forte influência em todos os movimentos literários surgidos entre os anos 1960 e 1990. Teve decisiva participação na criação do Congresso Brasileiro de Poesia, do qual foi uma das grandes atrações em sua primeira edição, vindo a ser assassinado poucos meses antes da realização do segundo evento.
Alguns livros publicados: “As Cordas” (168), “O Guardião das Vinhas” (1970), “A Colheita Comum” (1971), “Poemimprovisos” (vencedor do prêmio do Instituto Estadual do Livro/1973), “Lugar” (vencedor do I Concurso Nacional de Literatura da Caixa Econômica de Goiás/1974), “Vinte e Quatro Poemas” (1977), “Árvore & Tempo de Assoalho” (1980), “Informes de Ofício e Outras Novidades” (1982), “Canto de Amor a Farroupilha” (1985), “C’Antigas” (1986) e “Momentos de Intimidade”. Participou de inúmeras antologias, entre elas: “Histórias de Vinho”, “Vinho dá Poesia”, “Arte & Poesia” e “Poetas Contemporâneos Brasileiros – Volume 1”, esta a primeira antologia publicada pelo Congresso Brasileiro de Poesia.
 Após sua morte foram publicados: “Amadas Raízes”, “Poemas Avulsos”, “Boca Chiusa” e “Molho de Chaves”, além de poemas nas seguintes antologias: “Poeta Mostra a Tua Cara – Volume 4”, “Medida Provisória 161”, “Poesía de Brasil – Volume 1”, “Poesía Brasileña para el Nuevo Milenio”, “Poésie Du Brésil – volume 1” e “Poesia do Brasil – volume 1”, livro que inaugurou a série de antologias oficiais do Congresso Brasileiro de Poesia.
Confira um dos poemas de Bertholdo:
Tempo de Vindima
Perdoa-me continuar impossuído como antes,
trago para os vãos da aldeia a nitidez dos frutos.
Estávamos tão próximos que outono tatuou
o fiel silêncio bordando as vinhas do orvalho.
Havia solicitude para a seiva desfeita
sem disfarces na íntima alucinação da colheita.
A vindima trouxe do outono as horas retidas
na quase imperfeita esperança decisiva.
Para enfrentar as lembranças que a vida deixou
a solidão lenta das coisas incompreendidas.
Agora posso inventar em aceno o doce hálito
enquanto as calmas uvas batem palmas pelos vales.

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