A
Secretaria da Cultura e Fundação Casa das Artes atenderam pedido de moradores
A pedido da comunidade do bairro Borgo em
2011, a Secretaria da Cultura garantiu recursos para a contratação do artista
plástico Aido Dal Mass, que acaba de finalizar o restauro do monumento em homenagem
ao padre Oscar Bertholdo, localizado na praça homônima, no bairro Borgo. Dal
Mass é o autor da obra original, confeccionada em 1995, sendo o detentor dos
direitos autorais. A efígie, em pedra basalto, foi reconstituída, remodelada,
pintada e receberá uma nova placa. Dal Mass conta que, com o passar dos anos, a
estátua foi depredada e sofreu três intervenções. Foram cerca de três semanas
de trabalho para a restauração da obra, que há anos estava abandonada.
Por
que verde?
Por
Aido Dal Mass
“Por que não amarelo, azul, vermelho ou xadrez? Não importa. Importa somente o
que nos instiga a direção da alma, e onde ela está. Permanece ou pertence? A
arte traz em si, não o conforto ou a comodidade do gosto, bom, mau, feio ou bonito,
mas sim o conflito para unir-se aos outros princípios, permitindo o
desvelamento de sua importância para com as dignidades”.
Significado
estrutural da cor verde/cinza:
“Auto-insistência
separativa e superioridade defensiva. O amor próprio, a necessidade de impressionar
e a consciência de prestígio são todos aumentados, enquanto que os atributos da
cor após o cinza, são minimizados.”
Aido Dal Mass, autor e restaurador da
efígie de Oscar Bertholdo
Sobre
o padre Oscar Bertholdo
O padre Oscar Bertholdo, natural de Nova Roma
do Sul, é considerado um dos maiores poetas contemporâneos do Estado com várias
obras premiadas nacionalmente. Com sua voz marcante, atuava em programas em
rádio em Farroupilha. Em Bento Gonçalves, foi pároco na igreja Santo Antônio e
era professor na Universidade de Caxias do Sul (UCS-Carvi). Bertholdo foi
assassinado a facadas em 23 de fevereiro de 1992, aos 56 anos, na sua
residência em Farroupilha. Foi um dos maiores incentivadores do movimento
cultural da Serra Gaúcha, exercendo forte influência em todos os movimentos
literários surgidos entre os anos 1960 e 1990. Teve decisiva participação na
criação do Congresso Brasileiro de Poesia, do qual foi uma das grandes atrações
em sua primeira edição, vindo a ser assassinado poucos meses antes da
realização do segundo evento.
Alguns livros publicados: “As Cordas” (168),
“O Guardião das Vinhas” (1970), “A Colheita Comum” (1971), “Poemimprovisos”
(vencedor do prêmio do Instituto Estadual do Livro/1973), “Lugar” (vencedor do
I Concurso Nacional de Literatura da Caixa Econômica de Goiás/1974), “Vinte e
Quatro Poemas” (1977), “Árvore & Tempo de Assoalho” (1980), “Informes de
Ofício e Outras Novidades” (1982), “Canto de Amor a Farroupilha” (1985),
“C’Antigas” (1986) e “Momentos de Intimidade”. Participou de inúmeras
antologias, entre elas: “Histórias de Vinho”, “Vinho dá Poesia”, “Arte &
Poesia” e “Poetas Contemporâneos Brasileiros – Volume 1”, esta a primeira
antologia publicada pelo Congresso Brasileiro de Poesia.
Após sua morte foram publicados:
“Amadas Raízes”, “Poemas Avulsos”, “Boca Chiusa” e “Molho de Chaves”, além de
poemas nas seguintes antologias: “Poeta Mostra a Tua Cara – Volume 4”, “Medida
Provisória 161”, “Poesía de Brasil – Volume 1”, “Poesía Brasileña para el Nuevo
Milenio”, “Poésie Du Brésil – volume 1” e “Poesia do Brasil – volume 1”, livro
que inaugurou a série de antologias oficiais do Congresso Brasileiro de Poesia.
Confira
um dos poemas de Bertholdo:
Tempo
de Vindima
Perdoa-me
continuar impossuído como antes,
trago para os vãos da aldeia a nitidez dos frutos.
trago para os vãos da aldeia a nitidez dos frutos.
Estávamos
tão próximos que outono tatuou
o fiel silêncio bordando as vinhas do orvalho.
o fiel silêncio bordando as vinhas do orvalho.
Havia
solicitude para a seiva desfeita
sem disfarces na íntima alucinação da colheita.
sem disfarces na íntima alucinação da colheita.
A
vindima trouxe do outono as horas retidas
na quase imperfeita esperança decisiva.
na quase imperfeita esperança decisiva.
Para
enfrentar as lembranças que a vida deixou
a solidão lenta das coisas incompreendidas.
a solidão lenta das coisas incompreendidas.
Agora
posso inventar em aceno o doce hálito
enquanto as calmas uvas batem palmas pelos vales.
enquanto as calmas uvas batem palmas pelos vales.
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