Minha colega, Denize Caron, e eu, Jose Martim Estefanon, chegamos atrasados ao encontro. Era para ser às 13h e chegamos às 13h30. E a nossa entrevistada já estava à meia hora nos esperando: “Quando marco um compromisso sou pontual!”.
Pedimos perdão, mas para
sorte nossa uma colega da Fundação Casa das Artes, Eleonora Zorzi já estava
conversando com a D. Nadir até chegarmos.
Lição aprendida e
registrada.
No entanto, a conversa foi
um dos momentos únicos das nossas vidas. Ouvir D. Nadir Coppetti Iserhard é um
prazer imensurável. É estar presente com a grandeza e a beleza da vida: miúda,
cabelos brancos muito bem arrumados, brincos, bengala, pasta preta com os
instrumentos da sua aula de pintura. Sim, D. Nadir tem 94 anos e continua
estudando, aprendendo.
Aluna da Oficina de Acrílico de Doraci Possamai, ministrada na Fundação Casa das Artes, D. Nadir traz o
olhar da poesia das vivências, da expressão sólida de não ter tido nenhum
arrependimento. Minto. Esses repórteres não estão falando tudo. Sim, ela tem um
arrependimento: “De não ter feito mais alguma coisa. Poderia ter feito mais”,
diz ela.
D. Nadir nasceu em Passo do
Sobrado, distante 134 km de Porto Alegre. Teve uma vida dedicada à educação.
Formada em Passo Fundo, lecionou para a 1ª e 6ª séries em várias cidades e alfabetizou adultos em cursos noturnos, tais
como: Tapera, Não Me Toque, Carazinho, Rio Pardo. Em Santa Cruz do Sul, trabalhou na Delegacia Regional de Ensino (que
atendia a nove municípios e as do interior destes lugares) onde foi Orientadora Educacional- 1ª Assistente Técnica da Delegacia de Ensino.
Vem desde essa época que era
professora o gosto pelas artes plásticas, pelo desenho, pela criação
figurativa. D. Nadir confeccionava histórias com ilustrações para os seus
alunos, desenhava cartazes para os eventos institucionais dos locais que
trabalhava.
Porém, foi quando se
aposentou que a pintura entrou definitivamente na sua vida, a qual se dedica
exclusivamente, tendo preferência em retratar casarios e paisagens. E a autocrítica
surge: “quando termino uma tela, coloco-a a certa distância e sento para
observá-la. Se tiver algo que não gosto, não está de acordo, vou lá e arrumo”.
Ah, também D. Nadir se casou
aos 35 anos, tem um casal de filhos, cinco netas e dois bisnetos e vive entre
Bento Gonçalves e Porto Alegre.
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